O Ministério Público do Trabalho de Niterói (MPT) marcou para o dia 16 de outubro a primeira audiência de intermediação do órgão sobre o acordo coletivo dos rodoviários do Leste Fluminense, diante do impasse promovido por empresários de ônibus de São Gonçalo, que se recusam a negociar o reajuste salarial da categoria para este ano. Nesta quinta-feira (2/10), fracassou a primeira tentativa de acordo entre trabalhadores e patrões, realizada sob a deliberação, por assembleias, de uma possível greve nas linhas municipais gonçalenses.
Representantes do Sindicato dos Rodoviários de Niterói a Arraial do Cabo (Sintronac), durante a rodada de negociações no sindicato patronal, Setrerj, mantiveram a posição de não negociar acordos separados para evitar a criação de uma distorção salarial, com a implantação de dois pisos em uma região. Houve uma oferta de 6% de reajuste por parte dos empresários, mas somente para Niterói, Itaboraí, Maricá e Tanguá.
A aceitação da proposta patronal faria com que rodoviários de São Gonçalo continuassem recebendo um salário defasado diante da inflação; e os dos outros municípios ganhariam as atualizações de reajustes em seus vencimentos e em suas cestas básicas a partir de 1º de novembro, data-base da categoria.
“Os empresários ofereceram 6%, índice acima da inflação, mas, com São Gonçalo ficando fora, não podemos permitir dois pisos salariais em uma mesma região. Os rodoviários de São Gonçalo estão em estado de greve e, se continuar essa diretriz, vão entrar em greve a partir da data-base. Volto a dizer que os rodoviários já deram sua cota de sacrifício durante a pandemia. Não dá mais para a corda arrebentar só do lado dos trabalhadores”, alerta o presidente do Sintronac, Rubens dos Santos Oliveira.
Os trabalhadores definiram, em assembleias, a proposta de 15% de reajuste salarial, cesta básica de R$ 600,00 e o fim da circulação de dinheiro nos ônibus, com implantação de um sistema de cobrança inteligente, que aceite PIX e cartões bancários. Os empresários de ônibus de São Gonçalo afirmam que não podem negociar este ano porque, desde 2017, o valor das passagens está congelado em R$ 3,95 e a Prefeitura não repassa a integralidade das gratuidades concedidas a estudantes, idosos e deficientes.

No início de setembro, o Sintronac enviou ofícios, em alerta sobre uma possível greve, à Prefeitura e à secretaria de Transportes de São Gonçalo; aos ministérios públicos do Rio de Janeiro (MPRJ) e do Trabalho (MPT); e à juíza Larissa Pinheiro Schueler Pascoal, da 8ª Vara Cível de São Gonçalo, que determinou o reajuste das passagens de ônibus do município para R$ 5,94. Caso seja efetivado o repasse das gratuidades atrasadas para as empresas, o valor ficará em R$ 5,25. O prazo para o cumprimento da determinação judicial termina em 13 de outubro.