SINTRONAC

SINTRONAC

Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Passageiros de Niterói a Arraial do Cabo

Atuação do Sintronac é destaque em reportagem especial de O GLOBO

50% dos motoristas de ônibus deixam profissão por medo em Niterói

Levantamento inédito feito pelo sindicato dos trabalhadores do setor revela que grande parte dos pedidos de demissão foram motivados por violência urbana e forte estresse

30 de junho de 2024

De abril de 2023 a maio de 2024, o Departamento Jurídico do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Passageiros de Niterói a Arraial do Cabo (Sintronac) registrou 229 pedidos de demissão. Desses, 183, ou seja 80%, abandonaram a profissão para dirigir outros modais por conta da violência e do estresse no trânsito. Realizado pela primeira vez, o levantamento foi motivado pela mudança no perfil dos desligamentos, que, de acordo com a entidade representativa, era — em sua maioria — para troca de empresa do mesmo setor. Pelo menos 50% dos casos são de Niterói. Outra informação levantada pelo sindicato mostra que mais de 90% dos ex-funcionários afirmaram estar migrando para os transportes por aplicativo e escolar para e táxis.

Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) mostram que nos cinco primeiros meses deste ano foram registrados 87 furtos a coletivo, contra 54 no mesmo período de 2023, um aumento de 61%. Já no índice de roubo em coletivo, a situação se inverte. No mesmo período de 2024, de janeiro a maio, foram registrados 15 ocorrências, enquanto no ano passado foram 29.

Ainda de acordo com o Sintronac, o resultado disso é que as empresas, mesmo abrindo vagas, não estão conseguindo preencher os quadros de motorista de ônibus. Por esse motivo houve mudança na condução do curso de Transporte Coletivo de Passageiros, oferecido para quem quer se tornar motorista. Para atrair novos profissionais, o curso está sendo ministrado gratuitamente, desde que a pessoa se associe ao sindicato.

Rubens dos Santos Oliveira, presidente do Sintronac, avalia ser um risco a troca de atividade, por considerar a falta de um vínculo empregatício uma armadilha, já que não leva em conta direitos trabalhistas. Mas diz compreender o forte impacto emocional ao qual a categoria está exposta.

—Muitos mantinham o emprego e, nas horas vagas, trabalhavam no transporte por aplicativo. No início de 2023, isso mudou. Eles começaram a optar por deixar o trabalho formal e se arriscar no aplicativo. Sabemos que a violência e o estresse afetam muito a vida dos rodoviários e pedestres. Portanto, precisamos cobrar dos governos medidas para acabar com essa violência e com o trânsito caótico. Já propusemos duas medidas, que consideramos muito eficazes: o fim da circulação de dinheiro nos ônibus e a criação de um Segurança Presente para os ônibus — diz.

Já o Setrerj, sindicato que representa 28 empresas de ônibus, demonstra preocupação com o impacto da violência na mobilidade urbana, que vem prejudicando não somente os rodoviários, como também os passageiros em Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Maricá e Tanguá. E afirmou, em nota, que as empresas vêm colaborando com as forças de segurança, reunindo informações que possam ajudar em ações de prevenção e repressão.

“O Sistema de Acompanhamento da Frota em Emergência, que é uma plataforma que coleta dados sobre características de assaltantes, pontos de embarque e desembarque e locais de assalto, já está integrado ao sistema do Instituto de Segurança Pública (ISP). E a bilhetagem eletrônica, que está presente em 100% da frota, ajuda a retirar o dinheiro em circulação”, ressalta.

Rotina de medo

Sem se identificar, um ex-motorista de ônibus, de 48 anos, enviou um relato ao jornal GLOBO-Niterói no qual detalha a rotina de medo que o levou a deixar a profissão após 15 anos, em agosto do ano passado. Ele, que mora na Zona Norte de Niterói, hoje trabalha como motorista de aplicativo.

— Vi de tudo dentro do ônibus. Assaltos, furtos, brigas. Passageiros já tentaram me agredir, já estive na mira de armas. Psicologicamente, estava arrasado. Fora o trânsito caótico e a pressão profissional cotidiana. Estava afetando minha vida em família e eu estava perdendo a alegria de viver. Decidi, então, virar motorista de aplicativo. O estopim foi quando um cara queria que eu parasse fora do ponto e tentou me agredir. Aqui, se um passageiro me aporrinhar, paro o carro e boto ele para fora. Sei que perdi os benefícios da carteira assinada, mas ganhei paz de espírito. Se a situação melhorar nos ônibus, posso voltar — conta.

Especialista em segurança pública, o policial federal Sandro Araújo destaca que esta é uma situação complexa de ser enfrentada por causa das características desse tipo de ação criminosa.

— Geralmente, eles agem em lugares ermos, em horários que sabem que há falta de policiamento. A Niterói-Manilha é um alvo constante por ter diversas rotas de fuga e pouco patrulhamento. Este é um delito praticado por quem está no varejo do crime. Aproveitam a situação; falta de iluminação e pontos cheios no fim da madrugada, por exemplo. E isso é a soma de uma série de fatores sociais que deram errado. Costumo dizer que quando algumas situações se tornam caso de polícia foi porque houve uma sequência de falhas. Mas essa questão precisa ser vista de maneira integrada pelos agentes da segurança pública — aponta.

O que diz a PM

Em nota, a Polícia Militar informa que o comando da corporação tem intensificado o combate aos roubos a coletivos em toda a Região Metropolitana do Estado do Rio, incluindo a cidade de Niterói. As equipes têm aumentado o número de abordagens e revistas nos veículos, e o batalhão de área tem aplicado a modalidade Policiamento Transportado em Ônibus Urbanos (PTOU), específica para prevenção aos crimes dessa natureza.

De acordo com os dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), diz a PM, houve uma redução de 48% nos roubos em coletivos na região de Niterói se comparados os períodos de janeiro a maio deste ano e do ano passado. A corporação ressalta ainda que os cidadãos devem acionar as equipes da Polícia Militar pela central 190 ou registrar os crimes em delegacias, para possibilitar um trabalho investigativo que culmine com a identificação e a captura dos envolvidos.

Com informações de O GLOBO.

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