Terminou sem acordo a primeira audiência de conciliação no Ministério Público do Trabalho (MPT), realizada dia 16/10, entre representantes do Sindicato dos Rodoviários de Niterói a Arraial do Cabo (Sintronac) e empresários de ônibus de São Gonçalo. A Prefeitura Municipal, mesmo intimada, não compareceu à mesa de negociações.
Está marcada para 22 de outubro, às 15h, uma audiência na 8ª Vara Cível de São Gonçalo, solicitada com urgência pela municipalidade, que debaterá com os empresários de ônibus o reajuste do valor das passagens.
O resultado desta audiência do dia 22 será decisivo para os rodoviários entrarem ou não em greve a partir da data-base da categoria, que é 1º de novembro. O Sintronac convocará uma assembleia para definir a data de deflagração do movimento, caso as empresas insistam em não negociar o reajuste salarial dos trabalhadores para este ano.
Os trabalhadores reivindicam 15% de reajuste salarial, cesta básica de R$ 600,00 e o fim da circulação de dinheiro nos ônibus, com implantação de um sistema de cobrança inteligente, que aceite PIX e cartões bancários.
Os empresários de ônibus de São Gonçalo alegam que não podem participar das negociações salariais com os rodoviários, pois o valor das passagens municipais está congelado em R$ 3,95 há oito anos e, sem a quitação das gratuidades, as companhias entrarão em colapso financeiro e serão obrigadas a reduzir linhas e demitir em massa.
A possível paralisação de ônibus em São Gonçalo terá grande impacto na economia da cidade, que, proporcionalmente, está em primeiro lugar no País na utilização desse meio de transporte no deslocamento dos moradores para o trabalho.
Dados do Censo de 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) semana passada, revelam que 58,42% da população economicamente ativa do município usam ônibus, o que representa um universo de 159.811 pessoas. Ao mesmo tempo, 56,12%, ou 195.467 residentes, trabalham na própria cidade.
“Apelamos ao poder concedente, a Prefeitura de São Gonçalo, que intervenha nesse processo, pois os trabalhadores rodoviários não podem mais ser penalizados em questões que não lhes dizem respeito. Não vamos permitir a criação de dois pisos salariais em uma mesma região, pois os municípios de Niterói, Maricá, Itaboraí e Tanguá não serão afetados e terão as negociações salariais normais, como ocorre em todos os anos”, diz o presidente do Sintronac, Rubens dos Santos Oliveira.
Os rodoviários de São Gonçalo decidiram, em assembleia no dia 24 de outubro, entrar em estado de greve. O Sintronac comunicou a decisão à Prefeitura e à secretaria de Transportes de São Gonçalo; aos ministérios públicos do Rio de Janeiro (MPRJ) e do Trabalho (MPT); e ao juizado da 8ª Vara Cível de São Gonçalo, onde tramita ação em que as empresas exigem o reajuste do valor das passagens previsto no contrato de concessão e a quitação da dívida das gratuidades.
